"Eu não tenho problemas em mudar", diz Fernanda Souza depois de 20 anos de TV
A meiguice e o jeito "moleca" não traduzem a experiência de Fernanda Souza. A atriz que completa, no início do próximo ano, 20 anos de televisão - a estreia foi como apresentadora do infantil X-Tudo, da TV Cultura - mostra-se sem muito apego ao calendário. No entanto, ao pensar na data, abre um leve sorriso e começa a enumerar os pontos positivos de crescer dentro dos estúdios de televisão. "Em primeiro lugar, me deu muita responsabilidade. Entendo como a coisa funciona. Sei que tenho de estudar, chegar na hora, com o texto na ponta da língua e me concentrar para a cena", conta a intérprete da ambiciosa Camila de Aquele Beijo, da Rede Globo. A postura superdisciplinada é herança da época de Chiquititas, seriado exibido pelo SBT no qual foi protagonista de 1997 a 1998. É pelos anos que passou como a doce Mili que Fernanda credita o desenvolvimento de sua carreira. "É o trabalho que proporcionou minha grande virada como intérprete", valoriza a atriz de 28 anos.
A popularidade e o profissionalismo no seriado chamaram a atenção de outras emissoras, e com o fim do contrato com o SBT, Fernanda acabou assinando com a Globo. E é na emissora que está até hoje que ela teve um encontro muito particular com a comédia, primeiro como a romântica Mirna, de Alma Gêmea, de 2005, e posteriormente, no extinto Toma Lá, Dá Cá, humorístico assinado por Miguel Falabella. "Nem eu sabia que tinha essa veia cômica. O Toma Lá, Dá Cá foi importante para mostrar que eu não era mais uma garotinha e que poderia arrancar algum riso de alguém", analisa, às gargalhadas. Para garantir o papel no seriado, Fernanda teve de mostrar um lado "mulherão". Para isso, entrou em forma e de cabeça no divertido - e pervertido - mundo da louraça Isadora. "Eu não tinha uma imagem atrelada à sensualidade. E com a Isadora loura, magra, bronzeada e com roupas minúsculas, conquistei um outro público", acredita.
O corpo enxuto ela mantém até hoje, no entanto, agora a serviço dos dramas e desejos de sua personagem em Aquele Beijo. "Ela sai de casa e fica com uma outra visão de mundo. Porém, para ter uma nova vida, ela deixa o filho e o marido para trás", conta. Para Fernanda, sua personagem representa um ponto dramático em meio à comédia do horário das sete. E a atriz não esconde suas dificuldades ao dar vida a um personagem denso. "Só eu sei como fico na noite anterior à cena: sem dormir, com o coração acelerado e muito nervosa", assume. Para dar conta das cenas pesadas e emotivas que faz ao lado de Frederico Reuter, que interpreta Ricardo, o ex-marido de sua personagem, Fernanda começou sua preparação para a novela meses antes da estreia. Primeiro com o preparador Sergio Penna e depois com a "coach" do folhetim, Andréa Cavalcanti. "Eles me ajudam a ter mais segurança em cena", destaca.
O trabalho com Sergio, conhecido preparador de cinema, despertou em Fernanda o desejo de investir mais na sétima arte. Com apenas dois filmes no currículo - a estreia foi no comercial Eliana em O Segredo dos Golfinhos, de 2005 -, ela se impressionou com o método de composição que utilizou para as filmagens de Muita Calma Nessa Hora, comédia de Felipe Joffily lançada em 2010. "Foi onde conheci o Sergio. Com ele e o diretor do filme passei quase dois meses vivendo minha personagem, descobrindo fala, gestual, tudo sem texto. Uma imersão no universo dela", explica Fernanda, que no longa dá vida à indecisa Aninha. Atualmente, mesmo totalmente concentrada na televisão e nos dilemas de Camila, ela já arquiteta alguns projetos para depois de Aquele Beijo. "Vou rodar um filme assim que a novela acabar. E quero muito voltar ao teatro. Estou precisando reciclar meu jeito de atuar", justifica.
Porção Camaleoa
Fernanda Souza sabe que ser versátil na televisão é para poucos. Por isso, orgulha-se dos tipos diferentes que já encarou no veículo. "Vejo muita gente reclamando de fazer sempre o mesmo papel. Eu não tenho problemas em mudar e acho que isso atrai personagens que fogem do comum", analisa a atriz, que além da interiorana Mirna, de Alma Gêmea, também deu vida à rechonchuda Carola de O Profeta, e à "periguete" Thaísa, no remake de Ti-Ti-Ti. "Ter a possibilidade de passear por vários estilos é um bom exercício", acredita.
Aliás, Fernanda considera sua personagem em Ti-Ti-Ti como a mais incomum de toda a sua trajetória. Tudo porque durante a novela, a confusa mocinha trocou quatro vezes de visual. "Novela é uma obra aberta e essa foi até demais. É difícil mudar um personagem no meio da trama e fazer com que o público compreenda e aceite essas alterações", analisa.
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